quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

VIVA A UTOPIA!


Por Vlado
Seria muito mais fácil sermos realistas, deterministas, meros expectadores da realidade que nos cerca. Contradizer o atual, o profano, o maldito, o destruidor, é difícil, perigoso, é arriscado.
Talvez seja por isso que assistimos ao desprezível teatro da submissão, onde ventríloquos comandam suas marionetes com exímia habilidade. Marionetes essas, com falsos risos, falsas alegrias, “sonhos” nojentos, corações de brinquedo.
Ah! A Humanidade está saturada! Consumir é a lei, comprar é a moda. Quanta futilidade! Por que a imundície capitalista contaminou o homem? Será que isso é realmente o bom, o ideal, o perfeito?
Por que será que tantas pessoas morrem de fome todos os dias e ninguém nada diz? Por que crianças perdem suas identidades tão cedo para a prostituição, drogas, violência e nada fazemos? Será que o maldito dinheiro e seu encanto de poder estão cegando nossa visão para o semelhante?
Por que os sonhadores são acusados de loucos? Será que não há espaço para o sonho, para a mudança, para a revolução? Onde estão os valores da humanidade, essa legião que subjugou a natureza a seu favor e hoje é escrava de sua sombra?
Tantas perguntas. Poucas respostas. O Homem está se perdendo. Precisamos mudar isso. Precisamos mudar nossa história. Ainda existe força. Ainda existe sonho, ainda existe UTOPIA!
Enquanto ainda existir gente com nobres ideais a luta não estará perdida. O Mundo está sofrendo, está condenado e precisamos mudar essa situação. Precisamos sonhar, crer, lutar. A nação da Utopia deve nascer em uma conspiração que contamine o coração dos guerreiros da justiça e possa levar-nos a verdadeiras mudanças.
VIVA A UTOPIA! Não é uma aclamação, é um conselho, viver a Utopia é dever, e início daquele que lutará até o fim pela Justiça e liberdade! Enquanto unidos estivermos poderemos fazer mudanças enormes e construir a história que queremos ainda que para cegas marionetes desprezíveis isso seja impossível e insano.
VIVA A UTOPIA!

A Utopia não pode morrer...


A utopia não pode morrer

Por Erasmus Morus

Nota de falecimento: Faleceu a UTOPIA.

Estranho começar escrevendo com a nota de falecimento da utopia onde se deveria escrever que a utopia não pode morrer. Todavia, entre o poder e o efetivamente ser há uma grande distância. E, ao que parece, sem querer ser derrotista, pessimista ou qualquer outro ista, parece-nos que foi isso que ocorreu. A utopia não pode morrer e, no entanto, morreu.

Etimologicamente utopia significa não lugar. Essa palavra aparece em um escrito de Thomas Moore, onde ele descreve uma sociedade perfeita que existe em um não lugar.

Posteriormente ela passou a indicar meta, objetivo a se alcançar em âmbito de sociedade.

Em nome desse não-lugar pessoas foram capazes de mover mundos e fundos para que este pudesse ser algum-lugar, mesmo sabendo que a utopia é um horizonte em fuga.

Interessante aqui lembrar alguns fatos da história que nos ajudam a entender que a utopia que não pode morrer, morreu.

Parece que, somente quando ideais de liberdade estão em jogo é que nos sentimos incomodados a lutar por uma sociedade sem oprimidos e opressores, onde haja menor desigualdade entre os pares, onde haja bens para todos, vida digna, saúde... Isso parece que movia muitas vidas quando nossos países latino-americanos eram assolados por regimes militares. Quantos deram sua vida por esse ideal, não tendo sido sepultados dignamente mesmo após o fim dos regimes? Quantos abandonaram tudo acreditando que poderiam fazer alguma coisa por um outro mundo possível?

No entanto, os regimes militares acabaram, a democracia foi restaurada – será?- e a utopia morreu. Muita gente que partiu num rabo de foguete, como diz a música, voltou. São grandes empresários ou dominam a política nacional. Como não há contra quem lutar, visto que são os mandatários, deixaram a utopia guardada em algum lugar da memória, da gaveta, das bibliotecas, dos museus. Guerrilheiros de outrora se aliam a defensores do regime militar! Ironia da história que escolhemos!

Essas linhas carecem de auto-crítica também. Estar no lugar que quem percebe as ambigüidades dos outros é fácil, e como é! É preciso fazer um mea-culpa.

Vivemos hoje em uma sociedade em que não há opressão político-ideológica. É possível crer em qualquer deus, se filiar a qualquer partido político, dizer o que se pensa, vestir a roupa que se quer...

Todavia, vivemos em uma ditadura mais sutil. O ditador não tem rosto, nome, lugar. Ele transcende todas essas categorias e consegue ditar, moldar nossa maneira de viver e matar a utopia. Somos a-críticos, inertes, alienados, produtificados, mercantificados. A utopia dos outros morreu e não fizemos ou fazemos nada para ressuscitá-la.

Há lampejos de esperança! Há ainda quem lute por um outro mundo possível. Resolvemos, com esse blog partilhar as coisas que passam pela nossa cabeça, para juntos conspirarmos por um outro mundo possível.

A utopia morreu, mas não pode morrer. Esse não-lugar começa a ser algum-lugar quando lutamos por aquilo que sonhamos. Para além do eu.