terça-feira, 31 de agosto de 2010

Educação para os direitos humanos: Entre o conteúdo e a prática


Por Erasmus Morus
Um objetivo fundamental da educação é o desenvolvimento do ser humano em suas capacidades biológicas, psicológicas e culturais, de modo a promover uma integração entre os vários sujeitos, de modo que a vida na casa comum, a vida política, seja possível. Educação, então, está para além do ensino, que é a transmissão de conhecimentos, de conteúdos, um treinamento para pensar ou executar ações de certa maneira.
Os espaços de educação são também espaços de socialização. É nesses espaços que o ser humano passa toda a sua existência, entendendo aqui que o lócus da educação não é somente a escola, mas também a família, grupos religiosos, sociais. Nesse espaço sócio-educativo é que o humano se percebe sujeito de direitos e deveres pelos quais se dispõe a lutar ou cumprir. Nesse espaço em que se constrói é que o humano muitas vezes experimenta a violação de direitos que lhe são fundamentais, haja vista a atual preocupação dos educadores e das instituições de ensino com o chamado bullyng.
Um problema que se enfrenta é que as instituições de ensino, adotando uma lógica mercantil de produzir resultados tem tido uma visão reducionista da educação somente como ensino, se preocupa somente com a transmissão formal de conteúdos, negligenciando, assim com o aspecto fundamental da educação que é fazer desenvolver todo ser humano e o ser humano todo de modo a fazê-lo interagir e reconhecer o outro.
Isto provoca uma educação falha, onde, no caso das instituições de ensino, os estudantes dominam com maestria grandes teorias e conhecimentos, até mesmo éticos, mas são incapazes de assumi-los como valores a serem vividos para a construção de um outro mundo possível.
Percebe-se, com isso a necessidade de uma educação voltada não somente para resultados que se obtém mediante o conhecimento, mas voltada para a promoção do humano como ser situado, sujeito de direitos fundamentais e de deveres.
Tal educação não se dá somente na transmissão de conhecimentos, mas exige dos educadores e das instituições de ensino que engendrem um processo capaz de promover uma prática consciente por parte dos estudantes, de modo a auxiliá-los no encontro com quem tem seus direitos fundamentais ameaçados. Assim sendo, tendo como base os conteúdos conjugados com a prática e com a observação do fenômeno do humano ameaçado em seus direitos fundamentais, educa-se para a sensibilidade e para o comprometimento com a causa.
Uma educação mais militante, que conjugue teorias e práticas, preocupada não só com o mercado e com os resultados que este exige, mas preocupada com a promoção do ser humano é urgente quando se pensa em direitos humanos. Basta pensar que os futuros líderes, em maior ou menor escala, estão nos bancos das escolas e das universidades. O projeto do mundo de amanhã começa a ser implementado hoje. Mais que clichê é uma realidade desafiadora: educação para os direitos humanos, se se quer um mundo onde eles sejam menos desrespeitados, passa pela conjugação de teoria e prática na educação para os direitos humanos.