
Um estudante entra armado na escola em que estudara. Atira para todos os lados simplesmente para matar. Ficamos atônitos. Onde vai parar esse mundo? Esta questão fica a martelar nossa cabeça de pessoas de bem.
Um grupo de terroristas joga aviões contra prédios em um país. Para garantir a paz, esse país inicia duas guerras e caça o cabeça da organização terrorista até dar a ele o que ele deu às pessoas que estavam nos prédios e nos aviões.
Duas moças entram na casa de uma idosa pobre para roubá-la e como esta não tinha dinheiro é brutalmente espancada.
Estamos nos acostumando com este tipo de notícia. Temos noticiários impressos e televisivos especializados em divulgar a violência. O problema é que, no nosso modo de entender, pessoas de bem que somos, somente estes casos extremados são considerados violência. Se, todavia, olharmos com um pouco mais de autocrítica nossas relações, percebemos que reproduzimos a todo momento as estruturas de poder promotoras da violência: não conseguimos lidar com o diferente e tentamos eliminá-lo do nosso meio. Com isso, produzimos nossos marginais que, também de forma violenta, questionam a sociedade que os produziu.
Entramos em um circulo vicioso cego. Violência gerando violência, tudo isso sendo naturalizado, normalizado sem que, muitas vezes, a realidade humana se dê conta disso. A estrutura violenta tornou-se para nossa sociedade o lugar comum, a ponto de chamarmos nossas cidades de selvas de pedra.
Um outro caminho, contudo, é possível: posicionar-se como praticante ou não da violência depende somente e tão somente da liberdade humana. Isto, concretamente, se traduz na construção de relações humanas novas, capazes de reconhecer que o grande dever de cada sujeito é garantir o pleno cumprimento dos direitos do outro, quando percebermos que a violação do direito humano de um é violação dos direitos da humanidade inteira, que nós produzimos nossos Osamas, nossos Wellingtons.
Aqui é construirmos um “livrai-nos do nosso mal, das violências nossas de cada dia”, porque entre nós não deve ser assim.