terça-feira, 24 de maio de 2011

As violências nossas de cada dia


Um estudante entra armado na escola em que estudara. Atira para todos os lados simplesmente para matar. Ficamos atônitos. Onde vai parar esse mundo? Esta questão fica a martelar nossa cabeça de pessoas de bem.

Um grupo de terroristas joga aviões contra prédios em um país. Para garantir a paz, esse país inicia duas guerras e caça o cabeça da organização terrorista até dar a ele o que ele deu às pessoas que estavam nos prédios e nos aviões.

Duas moças entram na casa de uma idosa pobre para roubá-la e como esta não tinha dinheiro é brutalmente espancada.

Estamos nos acostumando com este tipo de notícia. Temos noticiários impressos e televisivos especializados em divulgar a violência. O problema é que, no nosso modo de entender, pessoas de bem que somos, somente estes casos extremados são considerados violência. Se, todavia, olharmos com um pouco mais de autocrítica nossas relações, percebemos que reproduzimos a todo momento as estruturas de poder promotoras da violência: não conseguimos lidar com o diferente e tentamos eliminá-lo do nosso meio. Com isso, produzimos nossos marginais que, também de forma violenta, questionam a sociedade que os produziu.

Entramos em um circulo vicioso cego. Violência gerando violência, tudo isso sendo naturalizado, normalizado sem que, muitas vezes, a realidade humana se dê conta disso. A estrutura violenta tornou-se para nossa sociedade o lugar comum, a ponto de chamarmos nossas cidades de selvas de pedra.

Um outro caminho, contudo, é possível: posicionar-se como praticante ou não da violência depende somente e tão somente da liberdade humana. Isto, concretamente, se traduz na construção de relações humanas novas, capazes de reconhecer que o grande dever de cada sujeito é garantir o pleno cumprimento dos direitos do outro, quando percebermos que a violação do direito humano de um é violação dos direitos da humanidade inteira, que nós produzimos nossos Osamas, nossos Wellingtons.

Aqui é construirmos um “livrai-nos do nosso mal, das violências nossas de cada dia”, porque entre nós não deve ser assim.