

Nome e sobrenome. Intróito necessário à identificação prévia de seres desconhecidos, que, por hora, se tornam claros nas manchas físicas ou virtuais de suas escritas, reflexos daquilo pensam e daquilo que são. Na verdade a pretenção aqui não é a conversão de quem lê. Na verdade, à semelhança do velho Nietzsche, “não quero seguidores”. Antes, pelo contrário, sejam críticos de toda crítica, inclusive destas e das suas próprias, as quais não resumem, se quer, um termo do dito sobre a vastidão do mundo e das pessoas que nos cercam. De cada coisa, pode ser que uma palavra não diga nada. Verdades? Talvez seja bom não crer nelas, para não encerrar o que jamais pode ser encerrado ou talvez seja interessante apostar em algumas, dado norte que necessitamos para sustentar a tentativa da vida,juguem como quiserem. Aqui elenco minhas questões e pretendo revisitá-las a cada instante e a cada palavra… o devir me encanta e nada está pronto.
Não dizendo muito, acabei dizendo bastante. Frederico, mensão em vernácula de um incômodo pensador. Aí a indicação real de uma das pretensões deste que escreve. Que seja incomodado o que está estático, para que não prive o movimento do tempo, da história, das pessoas, de cada coisa, impondo suas intrinsecas e pretensas verdades carregas da inércia. Como dizia ele (Nietzsche) vamos às marteladas.
Rosa. Nem a cor e nem a flor. Ao mestre do sertão da geografia e de “dentro da gente” (como ele mesmo dizia), que explorou o com “sabedência” a experiência humana, com sensibilidade. Guimarães que demonstrou a complexidade da simplicidade, que de tão abafada se tornou quase desconhecida e, por isso também, praticamente initeligível. Talvez por isso suas obras sejam um verdadeiro exercício intectual e de leitura.
Frederico Rosa resume, enfim, aquilo que são, para mim, alguns amores. Explicita um gosto, revela um pouco do véu de leitura que tenho do mundo.
Na verdade, incômodo e profundidade, perspicásia e sátira, razão e coração, vida. Resumem o desejo motivador destas e das futaras letras que aqui se cravam.
Vamos celebrar
A estupidez humana
A estupidez de todas as nações
O meu país e sua corja
De assassinos
Covardes, estupradores
E ladrões...
Vamos celebrar
A estupidez do povo
Nossa polícia e televisão
Vamos celebrar nosso governo
E nosso estado que não é nação...
Celebrar a juventude sem escolas
As crianças mortas
Celebrar nossa desunião...
Vamos celebrar Eros e Thanatos
Persephone e Hades
Vamos celebrar nossa tristeza
Vamos celebrar nossa vaidade...
Vamos comemorar como idiotas
A cada fevereiro e feriado
Todos os mortos nas estradas
Os mortos por falta
De hospitais...
Vamos celebrar nossa justiça
A ganância e a difamação
Vamos celebrar os preconceitos
O voto dos analfabetos
Comemorar a água podre
E todos os impostos
Queimadas, mentiras
E seqüestros...
Nosso castelo
De cartas marcadas
O trabalho escravo
Nosso pequeno universo
Toda a hipocrisia
E toda a afetação
Todo roubo e toda indiferença
Vamos celebrar epidemias
É a festa da torcida campeã...
Vamos celebrar a fome
Não ter a quem ouvir
Não se ter a quem amar
Vamos alimentar o que é maldade
Vamos machucar o coração...
Vamos celebrar nossa bandeira
Nosso passado
De absurdos gloriosos
Tudo que é gratuito e feio
Tudo o que é normal
Vamos cantar juntos
O hino nacional
A lágrima é verdadeira
Vamos celebrar nossa saudade
Comemorar a nossa solidão...
Vamos festejar a inveja
A intolerância
A incompreensão
Vamos festejar a violência
E esquecer a nossa gente
Que trabalhou honestamente
A vida inteira
E agora não tem mais
Direito a nada...
Vamos celebrar a aberração
De toda a nossa falta
De bom senso
Nosso descaso por educação
Vamos celebrar o horror
De tudo isto
Com festa, velório e caixão
Tá tudo morto e enterrado agora
Já que também podemos celebrar
A estupidez de quem cantou
Essa canção...
Venha!
Meu coração está com pressa
Quando a esperança está dispersa
Só a verdade me liberta
Chega de maldade e ilusão
Venha!
O amor tem sempre a porta aberta
E vem chegando a primavera
Nosso futuro recomeça
Venha!
Que o que vem é Perfeição!..
Por Erasmus Morus
Escrever o presente artigo comporta um duplo desafio: o primeiro é escrever neste periódico em sua reestréia e, o segundo, dirigir um breve olhar sobre o nosso país em época de disputa eleitoral.
Pois bem. Aos desafios. Em um olhar superficial sobre a realidade de nosso país são inegáveis os progressos que alcançamos. Os dados apontam que mais pessoas tiveram acesso a bens de consumo, mais acesso à internet, telefonia móvel, mais lugares com acesso por via asfáltica. O país conseguiu enfrentar a crise mundial, fortalecendo-se a economia, com projeção de crescimento econômico de mais ou menos 6,5 % para o ano de 2010.
Este desenvolvimento porém não é uniforme. A riqueza continua concentrada nas mãos de poucos e em uma área bastante restrita do país, as regiões sul e sudeste. Em bastantes regiões do Brasil encontramos ainda a perpetuação de problemas comuns do tempo do Brasil Colônia, como analfabetismo, mortalidade infantil, falta de saneamento básico, desemprego.
Certamente programas de distribuição de renda implementados pelos governos estaduais e federal são interessantes, mas não resolvem o problema, pois não garantem independência financeira aos assistidos, consequentemente não se constituindo em protagonistas do processo.
Diante desta realidade, o mínimo que devemos fazer é questionar: Que país é este? E mais: que país nós construímos?
P.S. Este texto não foi escrito propriamente para este blog, mas resolvi compartilhar aqui também. E.M.