por Erasmus Morus
A Campanha da Fraternidade de 2011 será, talvez, a que mais nos falará nos últimos anos. Fraternidade e a Vida no Planeta fala da maneira com que nós lidamos com a nossa casa comum, nosso planeta.
Há controvérsias, entre os cientistas, sobre o efeito de nosso processo de industrialização sobre o clima de nossa casa. Há quem sustente que o processo de aquecimento global é natural. Há, todavia, os cientistas que sustentam que o dito processo desencadeia mudanças drásticas no clima. De mãos dadas com o processo de industrialização há a ideologia capitalista-consumista que nutre as industrias e se nutre do sonho de vida feliz do humano.
O que será que isto tem haver com as chuvas deste início de ano?
TODOS SOMOS RESPONSÁVEIS PELAS MORTES OCORRIDAS E PELOS DESABRIGADOS. Isto não é frase de efeito. Cada um de nós, com nossas atitudes irresponsáveis na relação com o planeta, com o consumo exagerado e desnecessário, contribui para a morte do e no planeta.
É uma dura realidade que coloca em xeque nossa maneira de existir, de nos relacionar com o planeta. Nunca nos perguntamos sobre a quantidade de recursos do planeta que cada um de nós consome. Nunca paramos para pensar que as atitudes que temos estão relacionadas com um todo dentro do qual estamos inseridos, o planeta. Até que esta realidade nos atinja de maneira direta, nós as ignoramos e levamos a vida como se fôssemos os únicos habitantes do planeta.
A sabedoria judaico-cristã compreende que a terra foi criada por Deus e dada à humanidade. Anterior ao mandamento de dominar sobre a terra, algo que nos poderia levar à concepção de ser senhores da terra, absolutos, há o mandamento de frutificar, multiplicar e encher a terra (Gn 2,28). Antes da dominação há que se fazer com que a terra produza frutos, que a vida se multiplique em um modelo de terra-paraíso, onde há abundância de vida para tudo e para todos. Uma interpretação errônea da sociedade ocidental, marcadamente judaico-cristã coloca o humano como um dominador voraz, insaciável, que não cuida da vida que precisa ser frutificada, multiplicada.
Nosso modelo atual faz de nós uma mistura de Caim e Abel. Somos fratricidas com nossas atitudes de extrema exploração-consumo do que a terra generosamente nos proporciona. Ora somos assassinos, ora somos vítimas. Assassinos-vítimas que somos, somos inteiramente responsáveis.
Que a Campanha da Fraternidade extrapole os templos e os tempos, que ela nos ajude a refletir nossas atitudes geofratricidas, e, à partir de novas atitudes, construir um outro mundo possível.
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